BM propõe mais radares inteligentes no Estado

24 de março de 2008 | N° 15550 zero hora 

Comando defende a instalação de quero-queros em pontos fixos e móveis para conter o furto e o roubo de carros

Diante da limitação das polícias e à espera de legislação mais rigorosa contra ladrões de carros, investir em tecnologia se mostra eficiente para reprimir o crime e, ao mesmo tempo, aumentar a arrecadação de impostos.

Pensando nisso, a Brigada Militar planeja a aquisição de uma centena de radares inteligentes para instalar nas cidades mais visadas pela indústria do furto e do roubo de veículos. 

O aparelho detecta, por meio da identificação da placa, automóveis com imposto vencido, roubados, furtados ou com outro tipo de restrição para rodar (mandado de busca ou baixado como sucata).

O sistema é conhecido por OCR, uma sigla em inglês que significa reconhecimento óptico de caracteres. Apelidado no Rio Grande do Sul de quero-quero - uma referência à ave típica do pampa, que age como uma sentinela do campo -, existem 25 deles em operação no Estado desde 2006, sob a responsabilidade da BM, em parceria com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). 

O projeto encaminhado pela BM à Secretaria da Segurança Pública (SSP) sugere a locação de mais cem radares, entre fixos e móveis, com recurso federal.

- Em vez de fazer ações como a Operação Cadeado, que fecha entradas e saídas das cidades, faremos isso eletronicamente, abordando apenas os carros com restrições ou roubados, sem causar transtornos aos demais motoristas - afirma o comandante-geral, coronel Nilson Bueno.

Em média, bandidos levam 90 carros por dia no Estado. Porto Alegre, que registra um terço desse número, poderá ter, conforme Nilson, aparelhos fixos instalados nas imediações dos postos da BM, e os móveis, acoplados em viaturas nos principais acessos à Capital. A SSP não informou prazo para aquisição dos aparelhos. 

Valor arrecadado em multas e em impostos viabiliza projeto

Os radares já provaram suas vantagens, ainda que de forma tímida. Instalados em apenas 13 pontos fixos das 270 rodovias estaduais, os 25 aparelhos flagraram no ano passado 6.826 veículos irregulares. Geraram R$ 1,3 milhão em multas e facilitaram a recuperação de 16 carros roubados ou furtados e a prisão de cinco criminosos pela Brigada Militar.

O R$ 1,3 milhão em multas, somado a R$ 2,3 milhões - quantia estimada com o pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) dos 6,8 mil carros recolhidos -, supera em 57% o custo de locação anual dos 25 radares. 

Caso a BM já contasse com mais radares inteligentes, principalmente portáteis, os resultados poderiam ser bem mais expressivos. Durante testes com quatro aparelhos móveis em viaturas, em 2004, em apenas três meses foram identificados 82 mil veículos irregulares e aplicadas 7,8 mil autuações. Na época, o projeto foi engavetado.

- Se a BM ganhar esses equipamentos, dará um tombo enorme no crime. Nossa meta hoje é fiscalizar 70 mil carros por dia, mas, em média, chegamos a 50 mil por falta de pessoal - avalia o subcomandante-geral da BM, coronel Paulo Roberto Mendes.

Além da proposta da BM, em paralelo, o Daer também planeja locar mais aparelhos. A quantidade está em estudo.

- Esses aparelhos ajudam muito a segurança - resume Gilberto Cunha, diretor-geral do Daer.

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